quinta-feira, 7 de julho de 2011

RACIONALIZAR MATA O AMOR


RACIONALIZAR MATA O AMOR

"Há coisas que não são para serem teorizadas. O amor é uma delas. Às vezes, não é por falta de clareza que se deixa de amar, mas por se ter clareza em demasia. Racionalizar mata o amor. A objetividade é contrária ao amor. O amor não é para ser quantificado, medido. Quem ama, ama e pronto. Quem ama de verdade ama sem medidas. Amor é para ser sentido. Ao conseguir explicar o amor que se sente, não se está amando. Amor explicado não é amor. O que está se fazendo é outra coisa, mas não amar. Amar não tem "quê", nem "pra quê", quem me dirá "por quês". Ama-se sem motivos, sem cálculos, sem razões. Vez em quando, amar é dar razões a quem não as têm, só para vê-lo sorrir. 
Vivemos numa época onde ninguém mais diz "amo porque te amo", sem esperar uma contrapartida. A definição mais romântica do amor "até que a morte os separem" está falida. O amor puro encontra-se decididamente fora de moda. Amar alguém de forma pura é tido como rídículo. Quem ama é capaz de cometer coisas tolas. Já dizia Pessoa, 
todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem: Ridículas.(Escrevi cartas de amor e continuo a escrevê-las, mas estas atualmente recebem o codinome de correspondência eletrônica, e-mail...). 
O amor de hoje parece desfrutar de um status diferente de outrora. O amor ora é transformado em acordos pré-nupciais, ora em praticidades. Amam-se porque moram perto, porque ganham os mesmos salários, porque formam um "belo" casal, entre outras comodidades. A que se considerar que, o amor edificado sobre a aparência, com ela morre. Acabou-se a beleza, findou-se o amor. Há quem justifique uma união por terem objetivos em comum, alguns sócios também os têm e nem por isso eles se casam e fazem juras de amor eterno. Amor é uma coisa, sociedade é outra. O amor calculado é um amor pobre. Parceria, sim, combina com o amor.

Amor à primeira vista não é amor, é paixão. A paixão é passageira, efêmera. O amor requer conhecimento, requer tempo. Mas, contar o tempo contradiz o próprio amor. Amar é não fazer conta. É não fazer de conta. O amor é autêntico, transparente e despreocupado. É belo, porque se faz coerente na sua incoerência e vice-versa. Amar é descobrir sensações diferentes juntos. 

O amor não é um produto para consumo imediato, um prazer passageiro, isso é outra coisa. Há inúmeras coisas que sufocam e matam o amor. A rotina mata o amor. Aceitar tudo mata o amor. O medo de amar mata o amor. Supor que outro é perfeito também mata o amor. Não declarar o amor, mata-o. Lutar por amor é louvável, alcançá-lo sem brigas é melhor ainda. O amor é a vontade de cuidar, de preservar o ser amado. Não obstante, há inúmeras outras coisas que dão vida, vida ao amor. O olhar dá vida ao amor. O contato dá vida ao amor. O cheiro dá vida ao amor. Ter uma canção dá vida ao amor. Beijo. Beijo na testa, beijo de chegada, beijo na boca dão vida ao amor. Suspiros. Suspiros também dão. Não tenho uma definição para o amor, tenho sentidos."

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